quarta-feira, 27 de abril de 2016

Simba

Nunca falei aqui do caso do SIMBA. O Simba era um cão, um Leão da Rodésia, e fazia parte duma familia. Foi assassinado com tiros de caçadeira por um vizinho que é caçador profissional. Andreia Mira, a dona do Simba, ouviu dois tiros de caçadeira e o ganir de um cão. Por precaução chamou Simba que acabou por aparecer ensanguentado, acabando por morrer nos seus braços. Esta história foi partilhada nas redes sociais  pelo Diogo, marido de Andreia e a história tornou-se viral fazendo deste cão um símbolo da luta contra os maus-tratos a animais.
Quem me conhece sabe o que sinto em relação aos animais, sobretudo em relação aos cães, que adoro.
O dono do Simba nunca desistiu de levar o caso para tribunal e o dia da sentença finalmente chegou. O homem que assassinou Simba foi condenado a pagar 4000 euros de indemnização aos donos do animal. O juiz entendeu que o autor dos disparos agiu deliberadamente mesmo com este a dizer que a intenção dos disparos era afugentar o cão. Fica também proibido de usar uma arma durante o período de um ano. Por outro lado, Diogo Castiço,  o dono de Simba foi condenado a uma multa de 2100 euros por crime de ameaça  e cinco crimes de injúria por ter chamado assassino ao autor dos disparos (que ficou provado que o era!)
"Quando aparecem histórias infelizes como esta surgem sempre comentários de pessoas indignadas. Mas não estão indignadas com a morte do animal. Revoltam-se com o tempo de antena que é dado a um cão. “Simba? Que se f***, é só um cão”, é uma boa forma de resumir o modo de pensar e agir destas pessoas. Pessoas essas que defendem que existem problemas muito maiores por resolver. Este modo de pensar faz com que estas pessoas vejam os maus-tratos a um animal de estimação como algo completamente banal.

Quem já teve um cão, sabe que não é apenas um cão. É um membro da família. E não é tratado como inferior apenas porque ladra. É tratado como mais um. Sofre-se tanto quando está doente como acontece com outro qualquer familiar. Planeiam-se férias a contar com ele. Dizer que é um membro da família é a melhor forma de resumir tudo. E quem já teve um cão saberá o bem que sabe chegar a casa e ser recebido com a maior alegria do mundo. Alegria essa que é pura e despida de interesses pois nada pedem em troca. Sei o que é entrar numa casa e ficar sempre à espera que ele apareça sabendo que isso não irá acontecer.
Quem nunca teve um cão e acha que não passa disso mesmo, de um cão,que experimente ter um. Caso tenham coragem para isso. E predisposição para um amor como provavelmente nunca tiveram nas suas vidas. Ou percam algum tempo a ler relatos, como é o caso deste casal, de pessoas cujas vidas mudaram no dia em que decidiram ter um cão.
Quanto às pessoas que defendem que a morte de Simba não merece destaque porque existem problemas maiores. É um facto que existem problemas maiores. Mas isso não retira importância ao facto de um animal de estimação ter sido abatido com tiros de caçadeira. Não significa que se ignore o problema e que se olhe para o lado aceitando esta barbaridade como algo normal. E isto aplica-se a este caso como a todos os problemas considerados menores. E o problema nunca vão ser os problemas menores. O problema mais grave passa pelas mentalidades menores.”

Fico feliz por este caso  não ter sido ignorado. Houve julgamento e uma condenação por maus tratos a animais. Isto é algo que me deixa contente e com esperança para o futuro. Mas tudo isto sabe pouco. É absurdo que uma pessoa seja condenada a pagar quatro mil euros por ter ficado provado que foi um assassino e que outra seja condenada a pagar 2100 por chamar assassino a quem realmente o é.
Estou feliz por saber que uma pessoa que maltratou um animal foi condenada. Estou triste por saber que o dono do animal foi condenado. E bastante desiludida pelo facto de o tribunal olhar para um cão como um objecto (nas considerações finais, o juiz explicou que não gostou do que foi lendo nas redes sociais e realçou que este caso não “deve ser usado como porta estandarte de coisa nenhuma”. “Ou seja, dono do cão não só foi responsabilizado pelos crimes de injúria como levou uma lição pela forma como tinha lidado com isto nas redes sociais e por ter humanizado o cão. Toda a gente sabe que um cão é um cão, o que não quer dizer que não possa ser tratado como um membro não humano de uma família”, diz o advogado. Para além disso, o juiz “chamou a atenção para o facto do dono do cão o ter deixado à solta, dizendo que o Diogo era culpado na vigilância”).
Estamos tão verdes..... país pequenino com gente pequenina...

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