terça-feira, 20 de setembro de 2016

Faz agora 3 anos...

... que o meu filho foi para a primeira classe.
Lembro-me bem do primeiro dia... ele ia cheio de expectativa, mas muito reservado. Eu, que não percebia nada de como as coisas funcionam agora, deixei-o no prolongamento da manhã pois entro muito cedo ao trabalho. Ele lá ficou, sozinho, sem conhecer ninguém, longe daquele miminho que tinha na pre-escola onde chegava a mesma hora e ia ver bonequinhos na Tv, muito bem instalado.
O dia passou e não havia as chamadas AEC (actividades extra curriculares), quando assim é, as crianças não têm as aulas todas e ficam.... lá. Eu saía na altura tarde do trabalho e lembro-me de lá chegar á escola e de serem aí umas 18.15h e ele já não tinha aulas desde as 16h... estava sentado num degrau com uma funcionária á minha espera, a chorar pois os colegas já tinham todos ido embora. Foi um corte no meu coração, lembro-me até hoje da sua carinha!
No dia seguinte fui falar á associação de pais, que tinha uma TV parada na biblioteca, para colocarem a TV no polivalente de maneira aos meninos que chegam cedo de manhã possam ver televisão (principalmente os que ainda não fizeram amigos) e fui falar com uma funcionária pedindo que desse um pouco mais de atenção ao meu filho pois ele não conhecia ninguém. Ela foi uma querida e andava de mão dada com ele, de vez em quando incitava-o a ir brincar e aos poucos as coisas foram mudando, ele fez amigos, e  foi largando a dependência de estar perto da funcionária. Ao fim do primeiro ano já não o incomodava estar ali sozinho, arranjava sempre alguém para brincar, mas a verdade é que aquele rosto a chorar sentado no degrau nunca me abandonou.
Hoje na terceira classe ele  até me pede para ir mais cedo para brincar!
A escola primária é uma mudança muito brusca na vida de uma criança, eles vêm habituados a brincar e saltar o dia todo como se não houvesse amanhã, de uma sestinha a seguir ao almoço, de ter sempre alguém para descascar uma laranja e dar a sopa, e de repente, passam  a estar sentados quase o dia todo, a ter de pôr a mão no ar para falar, a ter que pôr a comida numa bandeja e rezar para não a deixar cair.
Sabendo o que sei hoje, se calhar não o levava tão cedo, ou não o ia buscar tão tarde, mas a vida também não me estava fácil. Hoje olho para trás e vejo que tudo fez parte de uma evolução, de uma  conquista. Tanto para ele como para mim. Tenho que virar a página, deixar ir aquele rosto triste a chorar e pensar na alegria  em que fica hoje, a jogar á bola no pouco tempo que tem antes do primeiro toque.



Sem comentários:

Enviar um comentário

E na minha opinião...